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A Associação Brasileira de Medicina de Tráfego enxerga com preocupação o tom das campanhas eleitorais que disseminam o conceito de “indústria da multa”, ao mesmo tempo em que prometem mudanças nas medidas de redução de velocidade e fiscalização das vias. A Abramet considera retrocesso qualquer aumento das velocidades veiculares e reconhece o conceito de “Indústria da multa” como falta de informação sobre o Código de Trânsito Brasileiro e os compromissos do Brasil com a redução do número epidêmico de acidentes.
Um destes compromissos é o objetivo proposto pela Organização das Nações Unidas (ONU) de reduzir em 50% o número de mortes no trânsito até 2020, o patamar anual está em 1.25 milhões de mortes relacionadas ao trânsito (Dados da OMS, Organização Mundial de Saúde). A Abramet considera que para a meta ser alcançada, é necessária a mudança radical na cultura da mobilidade, não só do motorista, pedestres e ciclistas, mas também dos governantes e da iniciativa privada de nosso país. É preciso colocar em prática a execução do Código de Trânsito Brasileiro que data de 1997, quando determina a “Educação de Trânsito” nas escolas.
Educação continuada (Abramet), formação de condutores, campanhas permanentes, policiamento ostensivo, participação da sociedade, fiscalização e punição precisam ser revigorados.
Apesar das multas os fatores velocidade excessiva, álcool, drogas, fadiga, sono e desatenções continuam sendo causadores de acidentes.
Necessitamos de uma imunização de curto prazo em que a fiscalização deve ser forte e a punição para infratores severa. Em longo prazo, atuando na mudança da cultura, com educação de trânsito, a necessidade real de utilização de equipamentos de segurança e outros conhecimentos que amadurecerão nossos jovens e aos 18 anos de idade teremos novos cidadãos, conscientes, responsáveis, conhecedores dos limites da máquina sobre rodas, do respeito mútuo e à própria vida.
No cenário brasileiro, São Paulo observou amadurecimento nas regras de trânsito e maior assertividade na fiscalização. Dados anuais comparados mostram redução no número de acidentes e vítimas (CETSP – Parcial 2016), especialmente entre os usuários mais frágeis: os pedestres. Isto é possível através de ações que extrapolam o limite de administrações e partidos, ações como obrigatoriedade do uso do cinto de segurança no banco dianteiro e traseiro, do uso de cadeirinhas, das medidas inclusas na Lei Seca, as reduções de velocidades permitidas nas vias e maior fiscalização do trânsito para identificar infratores, ações recomendadas pela Abramet, profissionais de Saúde e Medicina de Tráfego, e por entidades internacionais como a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização das Nações Unidas (ONU).
Tais resultados significam vidas salvas, menor número de sequelas e menor gasto público com vítimas de trânsito, é o entendimento da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego que os candidatos devem buscar apelo eleitoral sem colocar em risco os avanços atingidos na mudança da cultura do trânsito e no aumento da segurança no trânsito.
Dr. Dirceu Rodrigues Alves Júnior