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Abramet defende esforço permanente no combate ao uso de drogas no Brasil

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No Brasil, o uso de drogas ainda é uma das principais causas de acidentes de trânsito. Esse tema está entre as prioridades da agenda científica da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), que aproveita a comemoração do Dia Internacional de Combate às Drogas nessa sexta-feira, 26, para reafirmar seu apoio às políticas públicas destinadas e coibir o uso de tais substâncias e prevenir seus efeitos. A entidade trabalha na atualização da diretriz publicada em 2012 para esclarecer e orientar os médicos de tráfego sobre a interface entre o consumo de drogas e o trânsito.

“O uso de drogas é um mal social em todo o mundo e um problema muito grande também no Brasil”, comenta o dr. Flávio Emir Adura, diretor científico da Abramet. “O que mais nos preocupa é a combinação de droga e direção, o comportamento e cognição do motorista”. Segundo ele, a magnitude do problema exige esforço permanente e continuado na educação, prevenção e fiscalização para coibir o uso de drogas e mudar a mentalidade do motorista brasileiro.

Estudo recente do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) aponta que cerca de 269 milhões de pessoas usaram drogas no mundo em 2018, um crescimento de 30% nos últimos nove anos. O documento também mostra que mais de 35 milhões de pessoas sofrem de transtornos associados ao uso de drogas. A ONU elevou a sua estimativa de mortes decorrentes do uso de drogas: 585 mil em 2017.

O diretor científico da Abramet já estabeleceu os passos para a atualização da diretriz publicada pela Abramet em 2012. Segundo ele, a entidade vai mapear os dados e estudos científicos mais recentes para compilar os novos parâmetros sobre uso de drogas: quais as substâncias estão em uso, quais as mais usadas, perfil do usuário e outros dados epidemiológicos. A expectativa é, com tais subsídios, reavaliar o cenário brasileiro e formular novas orientações para o médico de tráfego.

“Muitos países têm se preocupado com esse assunto e possuem leis severas para punir motoristas que dirigem sob o efeito de drogas. Tentativas de controlar o uso de drogas no trânsito, no entanto, estão sujeitas a lacunas no conhecimento e a uma gama de dificuldades práticas. Ações conjuntas de educação, legislação adequada e controle efetivo do Estado, onde não falte a fiscalização ostensiva, são fundamentais para a obtenção de melhoria na segurança de trânsito.”, aponta a diretriz em vigor, sintetizando as ações que a entidade preconiza.

“Essa é uma contribuição necessária, que faz parte da tradição e missão da Abramet, em um debate que não pode parar no tempo”, diz Adura. Para ele, a entidade pode contribuir e apontar soluções para fortalecer o combate aos efeitos do uso de drogas sobre o trânsito, tendo como objetivo final preservar vidas e reduzir os indicadores de acidentes, especialmente aqueles com vítimas.

Adura recorda a importância da Lei Seca, incluída no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), e a necessidade de renovar as abordagens pedagógicas para desestimular o uso de drogas. “O usuário de drogas é um problema de saúde pública. No trânsito, a Abramet pode dar grande contribuição para reduzir sua presença”.

“A legislação e a fiscalização podem contribuir para a redução da morbimortalidade dos acidentes de trânsito por meio da revisão da Lei vigente, adicionando como proibitivas que o motorista dirija sob efeito dos seguintes grupos de substâncias psicoativas: cocaína, cannabis e anfetaminas; padronização de técnicas analíticas e disponibilidade de equipamentos nos laboratórios oficiais; treinamento de policiais e agentes de trânsito.”, defendeu a entidade em 2012, desafio que segue colocado para a sociedade brasileira.