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A Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) promoveu na última semana a live “Os melhores resultados municipais no enfrentamento à COVID-19 no Estado de São Paulo”. A transmissão foi feita pelo canal oficial da instituição no Youtube e sua página no Facebook e contou com a participação dos representantes de saúde das cidades paulistas com os menores indicadores de morte por 100 mil habitantes devido à doença.
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O Coordenador da Comissão de Estudos Epidemiológicos para Enfrentamento da COVID-19 da Abramet, Carlos Eid, deu início à exposição abordando a experiência que a instituição tem em estabelecer uma classificação de determinados indicadores. Há mais de quinze anos, a Associação faz essa classificação de taxa de óbito e acidentes de trânsito por 100 mil habitantes, seja por estados e capitais.
Com isso, o médico enfatizou que, na pandemia, não há um indicador melhor, porque não se sabe qual é a taxa aceitável, além de explicar qual tem sido o trabalho do grupo da Abramet de estudos epidemiológicos para enfrentamento doença. “O governo do estado de São Paulo publica todos os dias os números de óbitos notificados. O nosso trabalho é pegar esses dados e unir com o número de habitantes das cidades, fazer cálculos e produzir o gráfico. No momento que você mostra os resultados as pessoas se assustam”, disse.
Ele ressaltou ainda que o governo deveria fazer essas comparações entre as cidades que estão obtendo melhores resultados, no momento, com a pandemia e as que estão se saindo pior para compreender o cenário epidemiológico e poder alterar comportamentos e condutas.
“A pandemia não passou. Falam em segunda onda, mas, na nossa análise, em muitas cidades do estado de São Paulo não vão ter segunda onde porque dificilmente vão sair da primeira. Essa questão da onda significa que as taxas serão quase zeradas, passa vários dias ou semanas nesse nível muito baixo e depois começa subir novamente. Isso que está acontecendo em muitos lugares da Europa”, explicou.
ARARAQUARA – Na live, foram apresentados os dados de Araraquara, cidade a 281 quilômetros da capital, que tem 238 mil habitantes. No último indicador feito pelo grupo, ela apresentava uma taxa de 17,4 óbitos para cada 100 mil habitantes. A secretária de saúde de Araraquara, Eliana Aparecida Mori Honain, explicou que a primeira ação municipal foi instituir um comitê de enfrentamento do coronavírus, que se reúne todos os dias, desde o dia 15 de março.
“Nessas reuniões discutimos as ações, os decretos, as deliberações e a evolução da pandemia no nosso município. Além disso, temos um comitê científico, que é formado pelas universidades e também todos os representantes de hospitais públicos e privados da cidade. Esse comitê já é semanal e nós discutimos a evolução da pandemia”, salientou.
FRANCA – A próxima cidade apresentada foi a de Franca, que fica na divisa de São Paulo com Minas Gerais e possui 355 mil habitantes. No último estudo feito pelo grupo, a cidade possuía uma taxa de 33 óbitos para cada 100 mil habitantes. “Tivemos uma preocupação com a vigilância de casos, sejam eles positivos, possíveis, comunicantes, internados. Pensávamos que teríamos uma quantidade de internação e em enfermaria muito maior”, contou o coordenador técnico da Vigilância Epidemiológica Municipal de Franca, Homero Antônio Rosa Júnior.
Na região, segundo explicou, há poucas UTIs e elas são pequenas em quantidade de leitos. “Tivemos que pensar em estratégias técnicas e de gestão dessa situação pandêmica. Nosso trunfo foi instituição de um Comitê Técnico desde o primeiro momento e a participação efetiva no enfrentamento da pandemia para levar sempre em conta parte técnica e não a política, fazer o que era necessário”, ressaltou.
BAURU – A cidade de Bauru foi a terceira a ser apresentada na live. A cidade, a 323 quilômetros da capital, tem cerca de 380 mil habitantes atualmente. O último indicador feito pelo grupo, em 20 de setembro, ela apresentava uma taxa de 45 óbitos por 100 mil habitantes.
“Quando a pandemia chegou, também criamos um comitê de enfrentamento da doença, no qual existem vários segmentos da secretaria de saúde do município, além de seis médicos infectologistas. O comitê segue os protocolos nacionais e internacionais, além de termos criado um protocolo da cidade com base neles”, contou o Secretário de Saúde de Bauru, Sérgio Henrique Antônio.
“Uma coisa importante que fizemos na condução do enfrentamento da doença é que temos cinco unidades de emergência, sendo quatros UPAs e um pronto socorro central. Em todas essas unidades fizemos um fluxo diferenciado para os pacientes com sintomas da doença”, concluiu.
MARÍLIA – Em seguida, veio a apresentação da cidade de Marília. Localizada no interior, na região centro-oeste do estado, ela registrou uma taxa de 18,8 óbitos por 100 mil habitantes. “Acredito que a nossa rede de atenção primária e sua capilaridade tenha sido um dos motivos que levou Marília a ter um número relativamente baixo de óbitos. A cidade tem 52 equipes de saúde divididas em 12 postos de saúde tradicionais e 40 unidades de saúde da família”, explicou o Secretário Saúde de Marília, Cássio Luiz Pinto Junior.
Segundo ele, uma das primeiras ações feitas foi a restruturação de toda a rede. “Ficamos com dez unidades de tratamento de sintomáticos respiratórios, 12 para recepção de assintomáticos e o restante das unidades e equipes passaram a fazer o monitoramento ativo de casos positivos e sintomáticos, que eram colocados em quarentena”.