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Em um País onde animais de estimação já figuram em maior número do que crianças nos lares, estabelecer parâmetros para um deslocamento adequado em veículos é uma demanda com grande impacto social. Dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que o Brasil é o segundo no mundo no contingente de animais de estimação: em 2018 foram registrados 139,3 milhões de animais, sendo 54,2 milhões de cães; 39,8 milhões de aves; 23,9 milhões de gatos; 19,1 milhões de peixes e 2,3 milhões de outras espécies (répteis, anfíbios e pequenos mamíferos).
Atenta a esse cenário e mantendo o foco na segurança do trânsito, a Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet) publica diretriz inédita que estabelece normas para o transporte seguro de cães e gatos nos diversos meios de transporte, especialmente veículos de passeio.
O documento é fruto de parceria com o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Paraná (CRMV-PR), a Comissão Estadual de Saúde Única (CESU), a Comissão Estadual de Medicina Veterinária Legal (CEMVL) e a Comissão Estadual de Gestão de Risco de Animais em Desastres (CEGRADE).
“Construímos essa diretriz para divulgar e alertar a sociedade, as entidades envolvidas e autoridades do sistema de trânsito, sobre o fator de risco decorrente da inexistência de regulamentação adequada, bem como recomendar dispositivos de retenção planejados e padronizados para o deslocamento desses animais”, justifica Antonio Meira Júnior, presidente da Abramet.
“Nossa missão é apoiar a sociedade, o cidadão, em todos os campos pertinentes, sempre em busca de levar mais segurança e tornar o trânsito mais saudável. Mais que transportar da forma correta, é importante evitar a distração do condutor”.
O presidente da Abramet destaca a importância da união da medicina do tráfego à medicina veterinária para a construção de soluções do mais elevado nível técnico nesse tema. A diretriz será enviada ao Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN), na expectativa de que as recomendações embasem normas legais focadas na prevenção de sinistros.
ORIENTAÇÃO – O documento traça um panorama amplo sobre as características dos animais de estimação, notadamente cães e gatos, e dos aspectos de sua interação com as pessoas. Os especialistas apresentam evidências científicas para reconhecer os benefícios da interação e, também, exploram os conceitos de bem-estar e direitos do animal.
A diretriz destaca que os animais podem ter comportamentos imprevisíveis, que variam conforme os níveis de tensão e ansiedade aos quais são expostos, o que pode criar riscos para a segurança no trânsito que são potencializados, especialmente, quando não estão adequadamente acomodados. O sinistro potencial alcança desde o próprio animal, até seu tutor/condutor, e demais usuários das vias e exige prevenção.
“Se o animal não estiver devidamente retido, o motorista pode ter uma falha de atenção ao olhar para o cão e não manter a visão exclusivamente na via, pode perder a destreza manual ao tocar seu cão e alteração cognitiva se desviar a atenção ao seu cão enquanto dirige”, explica o diretor científico da Abramet, Flavio Emir Adura.
O documento ressalta que, sem a devida normatização para a segurança, o transporte de animais em veículos automotores constitui-se em importante fator etiológico para falhas de atenção do condutor de veículos automotores, podendo trazer como consequência o envolvimento em sinistros de trânsito, com mortes, ferimentos e incapacidades.
“Como consequência da imprevisibilidade comportamental desses animais, atuam como elementos causadores de falhas de atenção do condutor e aumentam o risco de acidentes. Estudos indicam que 11% dos acidentes estão associados a distrações internas no veículo (NHTSA, 2020)”, aponta a diretriz.
DISPOSITIVOS DE RETENÇÃO – Os especialistas recomendam que o transporte de cães e gatos, no interior dos veículos automotores, deve ser realizado com dispositivos de retenção, impedindo assim que viajem soltos. Mesmo que outro ocupante do veículo possa segurá-los no colo, é mais seguro que fique retido em dispositivos apropriados, cuja escolha vai depender do porte do animal.
A diretriz avalia os diversos tipos de equipamentos de retenção e agrega diversas conclusões, entre elas:
Assinam a diretriz, os especialistas dr. Flávio Emir Adura, diretor científico da Abramet; Áquilla dos Anjos Couto; Cláudia Turra Pimpão; Ellen de Souza Marquez; Fernanda Góss Braga; Flavio Emir Adura; Jéssica Kayamori Lopes; José Heverardo da Costa Montal; Leonardo Nápoli; Lilian Kondo; Mariana Filippi Ricciardi; Raimundo Alberto Tostes; Rodrigo de Souza Bonfim; Silvia Cristina Osaki; Vivien Midori Morikawa; Walfrido Kühl Svoboda e Weslem Garcia Suhett.