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Aplicação do teste bafômetro ajudou a inibir os casos de embriaguez.
Desde que a lei seca entrou em vigor, em 2008, Salvador atingiu no ano passado o menor número de mortes no trânsito. Segundo a Superintendência de Trânsito e Transporte do Salvador (Transalvador), foram 208 óbitos nas vias da capital, o que representa índice 7,1% menor que o de 2008 (224) e 15,7% abaixo em relação a 2012 (247), quando a legislação ficou mais rigorosa.
Associado a isso, houve também redução de 15% no percentual de adultos que admitiram beber antes de dirigir em Salvador, uma queda de 6,8% em 2012 para 5,8% no ano passado. Os dados são da pesquisa Vigitel 2014, pertencente ao Ministério da Saúde.
Autoridades de trânsito e especialistas acreditam que a aprovação da lei, que completou nesta sexta-feira, 19, sete anos, foi um dos principais fatores para a redução da violência neste segmento. Mesmo reconhecendo os avanços, autoridades e especialistas acreditam que ainda há desafios a serem superados na aplicação da lei para diminuir os índices de acidentes e mortes.
A prova disso, defendem especialistas, é que a quantidade de mortes causadas pelo uso de álcool nas rodovias federais do Brasil aumentou 18,1% entre 2013 e 2014, tendo saltado de 430 para 508. O total de óbitos no país, por outro lado, teve queda de 5,7%. Passou de 44.812 em 2012 para 42.266 no ano passado.
Desafios
O sociólogo Eduardo Biavati, especialista em educação e segurança no trânsito, acredita que a lei seca trouxe três contribuições principais. A primeira foi que exigiu políticas integradas entre órgãos e estados, enquanto a segunda obrigou as autoridades a se aparelharem para a fiscalização.
O terceiro ponto citado por Biavati é mais “simbólico e cultural. Há oito anos não se discutia se beber e dirigir era perigoso. Hoje, concordando ou não, as pessoas sabem que beber e dirigir é proibido e perigoso”, ressalta. A engenheira de tráfego Cristina Aragón concorda, mas destaca que os resultados ainda estão muito longe do desejado. Para ela, apenas a lei não trará resultados maiores, mas sim associada a um programa de segurança no trânsito.
“É preciso se pensar num programa voltado para a redução de danos para álcool e outras drogas. As empresas transportadoras e de viagem, por exemplo, não têm um trabalho de conscientização para essa questão”, critica. Ambos dizem que a fiscalização deve ser ampliada. Em Salvador, o número de condutores notificados no ano passado quase dobrou em comparação com 2013.
Pesquisa
A Vigitel mostrou que os homens de Salvador (11,3%) assumem mais os riscos da mistura álcool e direção do que as mulheres (1,1%). Na média nacional, o percentual teve queda de 16% entre 2012 e 2014 – de 7% para 5,6%. Vitória (ES), Rio de Janeiro (RJ) e Recife (PE) se destacam como as capitais com o menor percentual (3%), enquanto Florianópolis (SC) e Palmas (TO) tiveram a maior proporção (14% e 11%, respectivamente).
“Os jovens do sexo masculino ainda são o grupo mais crítico, principalmente na faixa entre 25 e 34 anos”, afirma a diretora do Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis do Ministério da Saúde, Deborah Malta. Segundo o Vigitel, o percentual de brasileiros que admitem beber e dirigir nesse grupo é de 9,8%, bem acima da média nacional.