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Nos últimos dez anos a Bahia teve uma redução de 15% no número de óbitos infantis (0 a 10 anos) no trânsito. A informação é do Ministério da Saúde. A queda no estado foi inferior à média nacional, que registrou redução de 36% (entre os anos de 2003 e 2013, esse número caiu de 1.621 para 1.054 vítimas).
O estado com maior redução de óbitos infantis no trânsito, de acordo com o Ministério da Saúde, foi o Amazonas (67%, de 24 para oito vítimas), seguido do Rio de Janeiro (65%, de 110 para 39). A morte de crianças no trânsito é um dos temas debatidos durante a 2ª Conferência Global de Alto Nível Sobre Segurança no Trânsito, que acontece nesta quarta-feira, 18, e quinta, 19, em Brasília (DF).
Na terça, 17, durante todo o dia, foram realizados eventos de pré-conferência, com a participação de autoridades e especialistas de todo o país. Foi realizado também um workshop para os jornalistas participantes.
Articulação
A conferência é organizada por um comitê composto por nove ministérios, sob a coordenação do Ministério da Saúde, em parceria com Organização Mundial da Saúde (OMS), Organização Pan-americana de Saúde (Opas) e o grupo Amigos da Década.
Na segunda, cerca de 500 crianças de escolas do DF fizeram uma mobilização na área externa do Congresso Nacional, para chamar a atenção para o problema. Elas representaram as cerca de 500 crianças mortas diariamente no trânsito em todo o mundo (segundo dados da OMS).
Prevenção
Especialistas que participaram dos encontros de terça afirmaram que os números ainda são alarmantes. Eles acreditam que o investimento em legislações mais rigorosas e o uso de equipamentos de segurança específicos, como as cadeirinhas, são fundamentais para que esse número seja reduzido.
“Oitenta e quatro países têm leis que proíbem que crianças sentem no banco da frente. Isso é algo que deve ser replicado, é uma medida que reduz os riscos em caso de acidente”, afirma Etienne Krug, diretor do Setor de Prevenção de Deficiências, Violência e Incapacitações da Organização Mundial da Saúde.
No Brasil, somente a partir dos 10 anos de idade crianças podem trafegar no banco dianteiro dos veículos. Margie Peden, coordenadora de prevenção de lesões não intencionais da OMS, afirmou que o Brasil tem leis bem avaliadas em relação à proteção das crianças no trânsito. No entanto, ressaltou a necessidade de fiscalização, não apenas no Brasil, mas em todos os países, para que as leis sejam efetivamente cumpridas.
Na região Nordeste, a Bahia tem o maior número de vítimas. Contudo, é preciso considerar que o território baiano tem a segunda maior malha rodoviária do Brasil, estando atrás apenas do estado de Minas Gerais. No Nordeste, a Bahia teve o segundo menor índice de redução, ficando atrás do Rio Grande do Norte, que registrou queda de 6% (saindo de 17 para 16 mortes de crianças).
Menos mortes
Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 560 crianças foram salvas em todo o país, sejam as ocupantes de veículos motorizados, sejam as que se deslocam a pé ou de bicicleta. A redução de mortes de crianças no trânsito foi registrada em 22 estados do país; em dois o índice ficou estável, e em três houve aumento.
O Ministério da Saúde atribui a redução das mortes de crianças no trânsito brasileiro justamente à obrigatoriedade do uso da cadeirinha, desde maio de 2010. “Campanhas educativas, aumento da segurança veicular e a lei da cadeirinha contribuíram para a redução”, destacou a coordenadora do projeto Vida no Trânsito no Ministério da Saúde, Marta Silva.
Representantes de países se comprometerão a reduzir óbitos
A 2ª Conferência Global de Alto Nível sobre Segurança no Trânsito – Tempo de Resultado começa nesta quarta com debates que vão envolver a participação de cerca de 1.500 representantes de pelo menos 120 países, em Brasília.
Quatro painéis e 24 sessões paralelas compõem a programação, durante a qual serão debatidos desde mobilidade e infraestrutura até indicadores e metas, passando por tecnologias, gestão, financiamento e fortalecimento do atendimento a traumas, entre outros temas.
Documento final
Ao fim do evento, amanhã, os representantes dos países inscritos assumirão compromissos em torno da redução de mortes e lesões causadas pelo trânsito, que estarão definidos na Declaração de Brasília sobre Segurança no Trânsito.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma pessoa morre a cada 25 segundos em todo o mundo por conta de acidentes de trânsito. A organização estima que no ano passado cerca de 1,25 milhão de pessoas morreram em vias terrestres.
Entre os debates que serão realizados estão a criação de um programa para crianças ocupantes de veículos; maior participação de parlamentares nas políticas para o trânsito; infraestrutura das vias; desenvolvimento de metas e indicadores para a segurança no trânsito e desafios do policiamento de ruas e estradas.
Longo prazo
O evento vai debater legislações, ações, medidas de prevenção, atendimento pós-acidente e experiências bem-sucedidas em todo o mundo, visando ao alcance da meta do Plano Global para a Década de Ações 2011-2020, que é reduzir pela metade as mortes no trânsito.
A meta é salvar cinco milhões de vidas no planeta até 2020 por meio da adoção, pelos países comprometidos, de políticas, programas, ações e legislações que aumentem a segurança nas vias, especialmente para pedestres, ciclistas e motociclistas, que correspondem à metade das estatísticas de mortes no trânsito, segundo a OMS.