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Em alusão ao Dia Mundial em Memória das Vítimas do Trânsito, lembrado em 20 de novembro, a Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (ABRAMET) e a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) lançam um alerta sobre a crescente vulnerabilidade dos pedestres idosos nas vias brasileiras. Este dia, dedicado à reflexão sobre a perda de vidas no trânsito e à busca por soluções para reduzir acidentes, ressalta a importância de proteger os grupos mais suscetíveis.
Este ano, as entidades focam na preocupante tendência de aumento nas internações por atropelamentos entre a população acima de 60 anos. Embora, desde 2015, os pedestres tenham sido ultrapassados pelos motociclistas como as principais vítimas do trânsito no Brasil, a situação dos idosos demanda atenção especial.
Levantamento realizado pelas entidades médicas sobre internações hospitalares no Sistema Único de Saúde (SUS) mostra que, entre janeiro de 2013 e setembro de 2023, mais de 370 mil internações de pedestres traumatizados em sinistros de trânsito foram registradas, com 14,5 mil destes casos resultando em óbito, o que representa uma taxa de letalidade global de 3,9%.
Flavio Adura, diretor científico da Abramet, destaca que o reaquecimento da economia pós-pandemia de COVID-19 resultou em um aumento no uso das vias por diferentes grupos, incluindo automóveis, pedestres, ciclistas e, principalmente, motociclistas. O comportamento de risco, como o uso de celulares durante a locomoção, tanto por condutores quanto por pedestres, tem contribuído para essa tendência.
O especialista ressalta que, nos últimos anos, o Brasil tem apresentado um panorama em que a mortalidade e a fecundidade se mostraram em declínio, fazendo com que a esperança de vida e, por consequência, a proporção de pessoas idosas aumentassem sensivelmente. “O ritmo de crescimento de população idosa, associado a uma forma de vida saudável e ativa, expõe as pessoas dessa faixa etária a risco maior de atropelamentos. Isso sugere que os idosos estão entre os mais vulneráveis a sinistros de trânsito e que mais atenção deve ser dada à segurança dos pedestres nesta faixa etária”.
De acordo com os dados levantados pela Abramet, enquanto a taxa de letalidade média para a população entre 20 e 59 anos internadas por atropelamento situa-se em torno de 3%, para os idosos (maiores de 60 anos) este índice sobe para 8,93%. Isso significa que, após um atropelamento, a chance de um idoso não sobreviver é três vezes maior em comparação com indivíduos mais jovens.
“Devido à sua fragilidade física, os pedestres idosos mais são mais propensos a ferimentos com lesões graves e até fatais. Quando vítimas de atropelamentos apresentam particularidades que necessitam ser consideradas por ocasião do atendimento médico. A pessoa idosa, frequentemente é incapaz de responder ao aumento nas demandas fisiológicas impostas pelo trauma, tendo em vista a baixa reserva funcional de diversos órgãos”, explica Flavio Adura.
Segundo o especialista, a diminuição do nível de atenção em virtude de déficits cognitivos é o principal fator de risco para o atropelamento. Considerando sua velocidade de locomoção (0,7 metro/segundo ou 2,5km por hora, em média), em relação ao adulto jovem e à velocidade do mundo do automóvel e da pressa, o idoso torna-se alvo para as máquinas em movimento e estará mais sujeito a atropelamentos. “As pessoas em idade avançada não devem enfrentar desacompanhadas o agressivo trânsito dos dias de hoje”, alertou.
Por sua vez, a especialista em gerontologia, representante da SBGG, Isabela Azevedo, enfatiza a necessidade de envolver os próprios idosos e suas famílias em práticas de prevenção. Ela sugere medidas como a conscientização sobre o uso de faixas de travessia, assistência para aqueles com limitações de mobilidade ou cognitivas, e a prática regular de exercícios para fortalecer músculos e equilíbrio, reduzindo assim o risco de quedas e a severidade de traumas em atropelamentos.
Os especialistas também destacam a importância de campanhas educativas contínuas e políticas públicas que abordem tanto a infraestrutura quanto a educação no trânsito, visando uma coexistência mais segura entre veículos e pedestres. “Com o envelhecimento da população brasileira, torna-se ainda mais relevante implementar estratégias de longo prazo para a proteção dos idosos nas vias públicas”, acrescenta Isabela Azevedo.
Para ela, é necessário olhar para o envelhecimento da população afim de garantir o direito de ir e vir com segurança. “Para qualquer pessoa idosa é muito importante manter a sua participação ativa na sociedade, movimentando-se livremente como pedestre. A independência e a autonomia são indispensáveis para manter a qualidade de vida”, finalizou.
Quais as medidas para impedir os atropelamentos, especialmente, de idosos?