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O Brasil está mais longe de cumprir sua meta de redução de mortes em acidentes de trânsito. Uma revisão de dados do governo federal aponta que a queda em 2013 –último ano disponível– não foi tão grande quanto estatísticas preliminares apontavam.
Os primeiros dados coletados pelo SUS (Sistema Único de Saúde) indicavam uma redução de 10% nas mortes em um ano, mas a revisão mostrou um recuo menor, de 6%.
Foram incluídas na nova conta oficial quase 2.000 vítimas que antes não estavam no banco de dados ou que tinham causa de morte diferente ou desconhecida. Essa revisão é praxe no SUS.
Com a mudança, 2013 fechou com 42,3 mil mortes, ante 44,8 mil no ano anterior –a conta inclui mortes em vias urbanas e nas estradas.
A meta do país, assumida perante à ONU, é chegar a número próximo de 29,4 mil até 2020, último ano da Década de Ação para a Segurança.
Especialistas consideram a queda de 2013 importante por interromper uma sequência de aumento da violência no trânsito, que ocorreu nos três anos anteriores. Avaliam, porém, que o avanço é tímido.
“Não significa que estamos entrando nos trilhos em relação à meta proposta, pois precisamos de uma série com pelo menos três anos para confirmar a tendência”, diz José Aurelio Ramalho, diretor-presidente do Observatório Nacional de Segurança Viária.
Os dados preliminares de 2014 devem ser divulgados apenas no fim do ano. Informações já fechadas sobre o número de feridos em acidentes, entretanto, apontam que houve aumento de 3% no ano passado. Foram 175,7 mil internações hospitalares no país, média de 481 por dia.
A redução das mortes em 2013 coincide com o primeiro ano de vigência da Lei Seca mais rigorosa, que dobrou o valor das multas e ampliou os meios de provar a ingestão de álcool pelos motoristas.
Especialistas citam que outras ações também podem ter contribuído para a queda, como a redução de velocidade em vias urbanas e a maior presença de itens de segurança, como airbag e freio ABS.
META
Especialistas calculam que, ao chegar à metade da década sem um plano efetivo, o país não conseguirá mudar o quadro a tempo de atingir a meta da ONU em 2020.
“Deveríamos ter aprovado e implementado um plano desde o começo. Até agora estamos sem isso, foi uma meia década perdida”, diz Paulo Cesar da Silva, da UnB (Universidade de Brasília).
A crítica é que o governo federal se limita a realizar campanhas sem definir uma política nacional específica.
“Vemos ações isoladas, mas não existe uma gestão nacional, algum órgão que reúna as iniciativas”, afirma Luiz Carlos Néspoli, da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos).
O governo afirma que faz ações como o Vida no Trânsito, projeto que capacita e transfere recursos para Estados e municípios melhorarem seus dados e atuarem nos fatores de risco de acidentes.
Deborah Malta, diretora do Ministério da Saúde, diz que a meta da ONU está sendo revista. “Da forma como foi projetado, o objetivo é bastante distante da realidade. O desempenho no conjunto dos países está bastante preocupante.”
Deborah afirma que uma nova meta deve ser definida em setembro e fará parte dos novos Objetivos do Milênio, com data para 2030.
Em novembro, o Brasil sediará conferência mundial sobre o tema que deverá reunir autoridades de 150 países.
O Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) diz que vem aprimorando a legislação de segurança para os veículos, “além de maior rigidez contra o consumo de álcool e de multas mais pesadas para as infrações de trânsito”.
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