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O Brasil está mais longe de cumprir sua meta de redução de mortes em acidentes de trânsito. Uma revisão de dados do governo federal aponta que, ao contrário do que estatísticas preliminares apontavam, o número cresceu em 2014 –último ano disponível.
Os primeiros dados coletados pelo SUS (Sistema Único de Saúde) indicavam uma redução de 5% nas mortes em um ano, mas a revisão mostrou que ocorreu, na realidade, um aumento de 2%.
Foram incluídas na nova conta oficial 2.781 vítimas que antes não estavam no banco de dados ou que tinham causa de morte diferente ou desconhecida. Dessa forma, as mortes no trânsito passaram de 42.266 em 2013 para 43.075 em 2014.
A revisão dos dados preliminares é praxe no SUS, e há possibilidade de que os dados finais, a serem consolidados nos próximos meses, revelem uma alta ainda maior.
De acordo com o Observatório Nacional de Segurança Viária, a alta preocupa porque representa uma ruptura na sequência de redução da violência no trânsito, que não era esperada após a queda dos acidentes no período anterior. De 2012 para 2013, sob o impacto da mudança que deixou a lei seca mais rigorosa, as mortes caíram 6%.
Com o novo resultado, o país fica mais longe de atingir a meta com a qual se comprometeu perante a ONU: cortar a projeção de óbitos pela metade até 2020. Para se manter nos trilhos, o número de mortes em 2014 deveria ter ficado abaixo dos 40 mil.
“Começamos o início da segunda metade da Década Mundial de Ações para a Segurança no Trânsito, e o Brasil mostra uma inversão nos avanços que já eram pequenos”, analisa José Aurélio Ramalho, presidente do observatório.
Nos Estados, o aumento mais significativo foi no Tocantins (13%). Por outro lado, Sergipe teve a queda mais expressiva, de 20%. No Estado de São Paulo o número subiu 7%.
Em relação aos modos de transporte, os resultados mais positivos de segurança viária ficaram centrados nos pedestres e ciclistas, que tiveram redução do número de mortes de 4,5 e 2,6%, respectivamente.
O aumento mais acentuado foi atribuído aos ocupantes de ônibus, para os quais o número de mortes cresceu 32% de 2013 para 2014, seguidos dos ocupantes de motocicleta (2,3%) e automóveis (1,3%).
– 2015
Apesar dos dados apontarem a alta geral no país, indicadores mais recentes indicam que em 2015 as mortes no trânsito podem voltar a recuar.
Os dados nacionais do Dpvat (seguro obrigatório) apontam que houve uma queda de 19% nas indenizações pagas por mortes em acidentes de trânsito.
Na cidade e no Estado de São Paulo, as estatísticas também apontam reduções significativas no número de óbitos no ano passado. Segundo balanço da Secretaria da Segurança Pública, que considera os dados de boletins de ocorrência, o número de mortes caiu 27% na capital e 20% no Estado.
Outros levantamentos, feitos com metodologia diferente, também apontam queda. Na capital, segundo a apuração da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), as mortes em acidentes caíram 21% no período de janeiro a novembro em comparação com o período equivalente em 2014.
No Estado todo, de acordo com dados do governo paulista, as mortes recuaram 11% no período de abril a dezembro de 2015 ante o mesmo período de 2014.
A prefeitura e o governo atribuem as quedas à ações de segurança viária, como a redução dos limites de velocidade na capital e investimentos nas rodovias do Estado.
Para especialistas, também é preciso considerar a desaceleração da economia do país como um fator que contribui para reduzir os acidentes. Com a crise, o número de entregas diminui, desempregados passam a não usar o veículo e quem precisa economizar deixa o carro em casa.
Fonte: Folha de São paulo