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Sinistros graves com ciclistas cresceram 30% nos primeiros meses de 2021

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Sustentável e módico, a bicicleta muitas vezes é apontada como o veículo do futuro: cada vez mais presente no trânsito brasileiro, é também protagonista de sinistros graves. Análise da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet) registra aumento relevante no registro de sinistros que exigem atendimento médico envolvendo ciclistas traumatizados nos primeiros cinco meses de 2021: comparado ao mesmo período de 2020, foram 30% a mais. Os números foram divulgados às vésperas do Dia Nacional do Ciclista (19/8), data em que é celebrada também a fundação da Abramet e dia do especialista em Medicina do Tráfego.

“Esses dados demonstram a importância de termos atenção e iniciativas focadas nesse público. O uso da bicicleta cresceu no Brasil e exige uma abordagem de prevenção ao sinistro”, avalia o dr. Antonio Meira Júnior, presidente da Abramet. “A Abramet está atenta a esse tema e vamos discuti-lo em nosso Congresso no mês de setembro”, informou. A entidade realizará o XIV Congresso Brasileiro de Medicina do Tráfego nos dias 16 a 18 de setembro, mobilizando os mais renomados especialistas do Brasil e do exterior para debater diversos temas, entre eles os efeitos da pandemia na mobilidade.

Em janeiro de 2019, foram registrados 1.100 sinistros graves com ciclistas, contra 1.451 em janeiro de 2021, mês com o mais alto nível de sinistros compilados no período estudado. Os dados mostram uma oscilação suave nas ocorrências, que mantiveram média de registro de 1.185 casos mensais nos últimos dois anos. Preparado com o suporte da agência 360° CI, o estudo da Abramet apropriou dados oficiais do Datasus, do Ministério da Saúde, relativos aos sinistros de trânsito envolvendo ciclistas.

Panorama nacional – Os dados avaliados pela Abramet mostram a evolução dos sinistros graves com ciclistas em todo o Brasil, com um mapeamento por Região, Estado e Município. Chama a atenção a escalada no registro de sinistros no estado de Goiás: em 2021, houve um aumento de 240% em relação a 2020, com 406 casos a mais.

Merecem destaque, ainda, os Estados em que a incidência de sinistros graves acumulou crescimento de 100% ou mais, como Rondônia (113%) e Sergipe (100%). Entre os municípios, o estudo identifica panorama preocupante nas capitais, especialmente Belo Horizonte, Goiânia e Fortaleza.

O mapeamento preparado pela Abramet avaliou, ainda, o perfil dos ciclistas envolvidos em sinistros graves: cerca de 80% eram homens e a faixa etária predominante está entre 20 e 59 anos – que corresponde a 60% dos casos. Segundo Flavio Adura, diretor científico da Abramet, a entidade aproveitará o conhecimento produzido para propor ações e procedimentos que aprimorem o atendimento de sinistros envolvendo o ciclista, assim como o reforço de políticas públicas que protejam essas vidas.

“A superioridade numérica dos acidentes envolvendo pedestres e motociclistas fez com que os ciclistas fossem negligenciados enquanto objeto de políticas de prevenção. Percorrem ruas e estradas, partilhando espaço com veículos pesados e, muitas vezes, sequer sendo percebidos. Comparada a alguém que se desloca em um automóvel, uma pessoa que circula em uma bicicleta tem uma probabilidade de óbito 8 vezes maior”, ressaltou.

Ações específicas – Para a entidade, os dados corroboram a preocupação com o atendimento e acompanhamento desse público. Em 2019, a Abramet já havia se mobilizado para conhecer melhor o tema e publicou estudo avaliando a incidência de atropelamentos envolvendo ciclistas – a entidade preparou uma série histórica mostrando o que aconteceu entre os anos de 2009 e 2019. CONFIRA AQUI.

“Nossa tarefa é produzir o conhecimento necessário para tornar o trânsito brasileiro mais saudável, olhando para todos os usuários do sistema”, avalia Carlos Eid, coordenador do Departamento de Atendimento Pré-Hospitalar da Abramet. “O ciclista está cada vez mais presente nas ruas do Brasil e isso exige uma abordagem médica específica”.