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Internações de crianças e adolescentes por atropelamentos volta a subir em 2021; SUS já registra mais de 6 mil casos

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Um dos grupos mais vulneráveis aos sinistros de trânsito, o público infantil exige um cuidado especial nas ruas e estradas. Entre janeiro e agosto de 2021, o índice de internações por atropelamentos de crianças e adolescentes entre zero e 19 anos, na condição de pedestres ou ciclistas, cresceu 9% – em comparação ao mesmo período no ano passado. No total, mais de seis mil delas foram hospitalizadas em estado grave em todo o País e quase 500 foram a óbito no local onde foram atropeladas.

Os dados, divulgados no Mês das Crianças, fazem parte de um estudo conduzido pela Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), com o suporte da agência 360° CI, que mapeou os índices de morbimortalidade infantojuvenil no Sistema Único de Saúde (SUS) provocados por atropelamentos.

“O levantamento reacende o alerta de que a segurança das crianças e adolescentes depende da conscientização de todos. Esses atropelamentos, na sua maioria, não são acidentais, mas sim resultados da não observância de medidas voltadas para o controle de riscos, quer por parte de condutores, quer por parte de pais e responsáveis pelas crianças”, ressalta Antônio Meira Júnior, presidente da Abramet. “Nesse momento de retorno às aulas presenciais e maior circulação das crianças nas ruas, precisamos reforçar o alerta aos pais, educadores e também provocar as autoridades para que invistam em políticas públicas voltadas à educação para o trânsito”, afirma.

Panorama nacional – Para avaliar o aumento das internações motivadas por atropelamentos durante 2021, o mapeamento considerou os registros do Sistema de Informações Hospitalares do SUS, do Ministério da Saúde. Na análise por Regiões, a Abramet identificou aumento mais significativo no Centro-Oeste e Sudeste, com alta de 45% e 14%, respectivamente, em relação ao mesmo período do ano anterior. Já o Nordeste (-7%) e Norte (-14%) registraram queda nos índices; e Sul foi a única região que não apresentou variação no período analisado.

Apesar do primeiro recorte sugerir que os atropelamentos são uma questão regional, na análise por Estado é possível observar que o problema se alastra por todo o País.  Goiás lidera o ranking com um aumento de 94% nas internações. Na sequência, Tocantins (88%) e Rio de Janeiro (58%) registraram os índices mais alarmantes, seguidos por Rondônia (23%), Paraíba (22%) e Minas Gerais (18%).

Segundo o diretor científico da Abramet, Flavio Adura, a visualização das localidades mais afetadas permite a elaboração e implementação de estratégias específicas para promover a educação no trânsito e cumprimento das leis para uma mobilidade urbana mais saudável e segura para as crianças e adolescentes. “As estratégias de educação devem abranger todos os públicos. Além dos próprios condutores, que devem respeitar sempre os pedestres – sobretudo nas proximidades de escolas –, pais, responsáveis, comunidade e as próprias crianças precisam incorporar essa cultura de segurança”, disse.

Perfil – Nos primeiros oito meses de 2021, o aumento mais expressivo, em termos percentuais ocorreu no grupo de crianças com idade entre 10 e 14 anos. Nesta faixa, o aumento nas hospitalizações foi de 17%, seguidos por adolescentes de 15 a 19 anos (10%) e crianças entre 5 e 9 anos (8%). Entre os menores de 5 anos houve queda nos atropelamentos. Dos pacientes internados no período, os meninos representam 76% das vítimas. Com 4,6 mil hospitalizações em 2021, aumento de 12% em relação ao ano anterior.

Desafio frequente – A pesquisa demonstra ainda que a questão não é recente. No estudo da série histórica, foi demonstrado que na última década cerca de 120 mil crianças e adolescentes foram hospitalizados no SUS e mais de 8,6 mil morreram vítimas de atropelamentos.

“É característico da criança o não conhecimento do risco, a constante exposição ao perigo, condição que coloca sua saúde e sua vida sob constante ameaça. Trazer as regras do trânsito para uma linguagem compreensível para esse público é um desafio que a sociedade tem que enfrentar se quiser evitar ou atenuar essa dolorosa realidade”, pontua o José Montal, diretor da Abramet. Para ele, é fundamental que os adultos sejam o exemplo que ajudará a criança a tornar-se cidadã apta para o convívio pacífico, em respeito à vida.

Nesse contexto, o especialista também reforça o papel dos familiares e responsáveis para supervisionarem as crianças na travessia pelas ruas e orientá-las sobre as regras e sinais de trânsito; a importância de utilizar a faixa de pedestre e olhar para os dois lados ao atravessar; nunca correr pela rua ou entre veículos; e outros ensinamentos que podem ser passados no dia a dia em conversas e brincadeiras.